A flor-de-lótus, parente asiática da nossa velha conhecida vitória-régia, é uma planta aquática importantíssima para a maioria das culturas orientais. Símbolo religioso tanto para budistas quanto para hinduístas, também deixa os cientistas perplexos por suas pétalas autolimpantes e por ser o único vegetal capaz, assim como os mamíferos, de controlar sua temperatura interna.
Além disso também é uma planta extremamente versátil, podendo germinar tanto na água quanto na terra úmida, ou mesmo na lama. Mesmo nascendo no fundo do pântano, seu robusto caule projeta-se através do lodo e da água e chega à superfície, onde surge sua flor característica. Já foram plantadas sementes com mais de 1300 anos de idade…e germinaram.
Por se manter bela e limpa mesmo no ambiente adverso do pântano, a lótus é considerada um símbolo de pureza, geralmente as gravuras orientais representando divindades ou indivíduos espitualmente elevados os mostram sobre uma flor-de-lótus. A jornada da planta do lodo à superfície também é usada como modelo de evolução espiritual.
Nós, de certa forma, também somos mudas chafurdando nos lamaçais da vida. Não escolhemos onde nascemos e, muitas vezes, nem as pessoas com quem convivemos. No decorrer de nossa existência testemunhamos (ou somos vítimas) das mais diversas formas de sujeira da humanidade. Seja corrupção, violência, preconceito ou demais mazelas de nossa sociedade.
Muitos tentam evitar a sujeira isolando-se, mas observando a flor aprendemos que o segredo não está no ambiente, e sim em nós. Aqueles que cultivam as próprias virtudes enxergam como o pântano que nos cerca não é tão sombrio quanto nos faz pensar nossa própria ignorância, eles perdem o medo da sujeira e tornam-se imunes a ela, convivendo sem se deixar macular.
Neste momento atingem a pureza, que aos nossos olhos se traduz como beleza, e sua simples presença ilumina o ambiente. É identificando estas flores-de-lótus já desabrochadas e seguindo seu exemplo que nós, pobres mudas do lamaçal, podemos planejar nosso desenvolvimento e partir em busca de nosso próprio caminho para a superfície.
E você, tem cultivado sua flor do pântano?
quandoeutinha8anos said:
Olá meu amigo,
Que texto lindo e repleto de sabedoria. Como a natureza nos revela tantos ensinamentos quando nos propomos a olhá-la com um pouco mais de atenção.
Eu não conhecia a história desta belíssima flor.
Alguns estudiosos dizem que somos produtos do meio. Mas, ao observarmos essa flor, que permanece imaculada mesmo vivendo no meio da lama, percebemos que não é bem assim.
Precisamos aprender a conviver com situações adversas sem nos deixar macular por elas. Mas, ao contrário, torná-las melhores com a nossa existência.
Um grande abraço e parabéns pela excelente postagem.
Tônia Amanda Paz dos Santos.
marcelagonc said:
Que lindo!
Afe! Qdo penso em desistir do diHITT, acho uma flor de lótus…e vejo que vale à pena continuar meu “garimpo”.
Parabéns!
Bjos
Malu said:
Escrevo aqui, se me permite palavras de Tagore
“No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.”
Não há quem não se encante com a pureza desta flor que provém do lodo e se mostra em plena limpidez.
Não sabia de todas essas informações.
Grata pela partilha.
Grande abraço
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