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Quando me decidi a fazer um check-up geral já sabia que um dos primeiros pedidos do médico seria um exame de sangue, como de fato foi. Para minha surpresa acabou sendo o exame mais tranquilo de minha vida: foi rápido, indolor e nem sofri muito com o jejum.

Eu nunca tive medo de sangue. Não que me atraia, mas também não me assusta. Nunca tive problema em tomar injeção (exceto pelo Benzetacil que, como cantado por João Bosco, dói demais) ou tirar sangue, basta não olhar para a agulha que nem a sinto perfurando minha pele.

Bem pior para mim foi um exame admissional que fiz anos atrás. Como estava marcado para muito cedo e eu estava habituado a dormir bem tarde decidi por ir em claro, totalmente sem dormir. Mal sabia eu que iria participar de mais um episódio de Além da Imaginação.

Cheguei no laboratório a meio caminho entre sono e vigília. Depois de muita espera a enfermeira chama Marcos Paulo e outra pessoa se levanta. Não, não era um clone, era outro cara com o mesmo nome que eu e, pelo jeito, era para ser atendido primeiro. E a espera continua …

Minutos depois a enfermeira chama de novo Marcos Paulo e eu me apresento, desta vez quem se sentiu numa série de ficção científica foi ela. Explicações dadas e preparativos feitos, tudo pronto para o início da coleta. Hora de aplicar minha técnica ninja de olhar para o outro lado.

Depois de alguns minutos começo a pagar o preço da falta de sono, minha consciência parece andar numa corda bamba.  Minhas pálpebras começam a pesar, já não tenho certeza se estou acordado ou se estou sonhando. Mal posso esperar para finalmente ir para casa dormir.

A cada ampola cheia de sangue eu ensaio me levantar, apenas para ver a enfermeira trocá-la por outra vazia. Eu olho para aqueles vidrinhos empilhados e começo a pensar que isso não vai acabar nunca. Estaria eu preso em uma dimensão onde meu sangue seria removido para sempre?

Nesse momento a enfermeira diz que eu já posso ir, me levanto e…

escuridão…

Eu acordo momentos depois deitado no chão. Aparentemente foi só me levantar que perdi os sentidos. Será um efeito colateral de ter metade do sangue removido? Uma boa alma me traz um cafezinho e eu fico em observação. Alguns minutos depois sou liberado para voltar pra casa.

No fim foi tudo bem no exame, mas não fiquei no emprego muito tempo (futuro post?). Até hoje as lembranças daquele dia têm um que de irreal. Quem sabe minha vida depois daquele dia seja toda um sonho e eu esteja até hoje preso no laboratório,  enchendo ampolas de sangue pelo resto da eternidade…

Será?